O culpado pela paixão por automobilismo no Brasil!


Se um dia Emerson Fittipaldi foi bicampeão mundial, Ayrton Senna e Nelson Piquet conquistaram o tricampeonato, tudo se deve a um paulistano, filho de italianos, que nasceu em 14 de julho de 1907 (e por sinal completaria 104 anos hoje). Chico Landi foi o primeiro piloto brasileiro a chamar a atenção na Europa e a disputar um Grande Prêmio do até então iniciante campeonato mundial de Fórmula 1.
Porém, Landi foi um dos pilotos de mais sucesso na Europa no período pré-Fórmula 1, quando competia com os grandes nomes da futura categoria, como Fangio (que completaria 100 anos no fim do mês passado), Farina, Ascari, Varzi e Villoresi. Seu grande feito no Velho Continente foi conquistar o Grande Prêmio de Bari em 1948 e 1952, que era naquela época uma das mais tradicionais provas do calendário de corridas.Chico Landi pilota na inauguração de Interlagos, em 1940.
Uma história curiosa sobre estas conquistas de Landi, em Bari, aconteceu em sua segunda vitória, no ano de 1952. O piloto brasileiro estava no pódio e esperava pelo Hino Nacional, no entanto, os organizadores da prova não tinham a música e para isto, apostaram na música 'O Guarani', de Carlos Gomes.
Outro ponto interessante desta trajetória de 1947 a 1957 de Landi, pelas categorias europeias    e posteriormente, na Fórmula 1, é que a primeira conquista em Bari foi dirigindo uma Ferrari, carro que já impunha grande respeito na época. E participou da segunda edição de Bari, a qual venceu, com o carro do 'Cavalo Rampante', pois foi convidado pelo Automóvel Clube da cidade italiana, pela ótima participação no ano anterior e recebeu a Ferrari de número 004.
Quando a F1 começou oficialmente, no ano de 1950, Landi já não teve o mesmo sucesso de momentos anteriores. Não disputou a temporada inicial, no ano seguinte, entrou em dois grandes prêmios (Itália e Alemanha) e não completou nenhum. Em 1952, foram três corridas e nenhum ponto e mais duas em 1953. Em 1956, veio a sua melhor colocação, um quarto lugar no GP da Argentina e 1,5 pontos no campeonato.
Outro ponto de grande pioneirismo de Landi e poucos lembram foi a criação da Escuderia Bandeirantes, pela qual correu em 1952/53. A diferença com a Copersucar, é que os carros da escuderia nacional eram da Maserati, modelos A6GCM e tinham as cores do país, regra da FIA, na época. Neste momento, surge um segundo brasileiro, Gino Bianco, que acompanharia Landi na sua equipe. Com três carros, mas muitas vezes alinhando no grid apenas dois, a primeira equipe brasileira disputou quatro corridas e a melhor colocação foi o 8º lugar, no GP da Itália, em 1952.
Com certeza, se hoje torcemos pelas vitórias de Felipe Massa e Rubens Barrichello na Fórmula 1, foi por causa deste paulistano de sotaque carregado, que fez muito pelo automobilismo nacional em uma época que correr era para quem tinha muitos parafusos a menos na cabeça.